sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Egoísmo pra si próprio poder afetar quem nos ama.

Eu estava sentado na varanda de casa. Sentindo o vento sobre a pele, o ar calmo, o barulho das folhas que rolavam no chão, e olhando aquelas arvores com a cor laranja por causa da estação do outono.
Ainda sentindo meu coração sendo esmagado por eu mesmo, não estava em animo de me levantar, ou muito menos treinar. O que eu queria era ficar ali, sentado, vendo a vida passar facilmente, e sem precisar fazer nada. Não queria mais continuar nessa vida sem emoção, sem aventura, só comigo mesmo. Só com o meu egoísmo, o meu desespero. Eu só tinha a mim próprio no mundo. Mais ninguém, e o que eu queria era ter tudo. Sabendo das minhas atitudes infantis, eu era obrigado a enfrentar as conseqüências sozinho. Conseqüências de uma luta, uma luta por vingança. Eu tinha derrotado com o maior prazer, com o maior gosto de sangue na boca aquele desgraçado, um dos maiores mestres da China. E por causa de uma luta, e uma atitude mortal, eu fiz um ser humano forte e invencível se tornar alguém frágil. E agora, morto.
Mas nem é por isso que eu aqui sozinho. Eu estou sofrendo comigo mesmo por causa dessa luta. Que quando o mestre Kim caiu morto ao chão eu achei ter vencido ele. Mas ele tirou de mim a coisa mais preciosa que eu mantinha. Já morto o infeliz conseguiu traçar uma linha de vingança por mim que seu sobrinho, depois de ter visto o tio morto em praça pública, quis se vingar matando a minha família. Quem nem imaginará que eu estava lutando, quem não tinha nada a ver com o assunto. Quem nunca pensou que pudesse morrer por causa de uma luta. De vingança.
Agora, eu não queria lutar mais, não tinha mais animo pra isso, não queria viver mais, pois quem me mantinha vivo, morrerá sem mesmo eu dizer um adeus. Morreram como condenadas, morreram como se a culpa daquela forte fosse elas que tivessem projetado. Mas elas estavam passando por algo que não tinha seu nome no meio. Mesquinharias minhas. Coisas imbecis que fiz de cabeça quente. E agora? Lutar adiantaria? Chorar adiantaria? Ter mais vingança pela família do outro adiantaria? Não. Pois nada me traria elas de volta. Nada. O meu próprio orgulho tinha me condenado agora a viver sozinho. Sem mais ninguém para amar, sem ninguém mais por perto. Agora eu passo meus dias e noites sentado na frente de casa, na varando. Olhando pro céu estrelado a noite, procurando as duas estrelas mais brilhantes do céu, olhando pro céu durante o dia, procurando ventos que as tragam como fantasmas de volta pra mim.  Esperando por algum momento, que a morte chegue sozinha para me levar aonde quer que elas estejam.

Texto dedicado ao mestre de artes marciais Huo Yuanjia.

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